Cleunice M. Rehem*
A produtividade do Brasil depende cada vez mais da juventude, especialmente entre 15 e 29 anos, que representa 33,4% da população economicamente ativa (IPEA/2019). No entanto, dos 48,5 milhões de brasileiros nessa faixa etária, 20% não trabalham nem estudam, totalizando 9,6 milhões de jovens (IBGE/2023) que necessitam de qualificação para escapar da criminalidade e obter empregos dignos. A taxa de desemprego entre 15 e 17 anos é de 28% e entre 18 e 24 anos, 15,3%, bem acima da média nacional de 7,4% (2023). São indicativos da urgência de se ampliar massivamente a oferta de formação profissional técnica para os jovens.
Além da geração nem-nem, outro fator que chama atenção é o apagão de mão de obra qualificada. Pesquisa da ManPowerGroup (2022) revela que 81% dos empresários têm dificuldades em preencher vagas por falta de qualificação dos candidatos. As áreas mais afetadas são TI e Tecnologia (84%), Indústria (84%), Saúde, Educação e Governo (80%), Logística (79%), Construção Civil (76%), Restaurantes e Hotelaria (66%). A formação dos jovens, então, poderia resolver esse problema profissional para ambos os aspectos.
Comparado aos países desenvolvidos, apenas 11% dos jovens brasileiros de 20 a 24 anos estão matriculados em cursos técnicos, enquanto a média da OCDE é de 65% (2023). Em países como Alemanha, Reino Unido, França e Austrália, essa taxa é superior a 90%. Prover os jovens de competências profissionais eleva a produtividade, melhora a economia e alavanca o crescimento do país ao longo do tempo.
É crucial e urgente refletir sobre políticas públicas para romper essa realidade. O atraso do Brasil na formação de técnicos demanda parcerias público-privadas (PPP) para triplicar as matrículas em cursos técnicos, podendo, assim, aumentar o PIB brasileiro em 2,32%, conforme estudo do Insper e da Fundação Itaú Educação e Trabalho (2023). Essa estratégia, similar à dos países desenvolvidos, pode ser concretizada através de Bolsa-Formação para os jovens de baixa renda escolherem cursos de qualidade, alinhados às demandas do mercado. Os custos aluno/ano em cursos técnicos privados são significativamente menores do que nas escolas públicas: R$4.700,00 (nas privadas) contra R$12.829,00.
Com essa estratégia das PPPs, os jovens ganhariam profissionalização e renda com maior celeridade, as empresas preencheriam as vagas com mão de obra qualificada, evitando o apagão previsto, e a economia brasileira ganharia em sustentabilidade e competitividade. Ampliar massivamente as matrículas em cursos técnicos é fazer justiça social. Isto sim, seria reconstruir o Brasil.
*Especialista em Educação Profissional e Tecnológica (EPT), doutora e mestre em Educação, e diretora-presidente da Associação Brasiltec
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