A inclusão produtiva vem ganhando destaque nos debates sobre desenvolvimento econômico e social, sendo reconhecida como uma estratégia fundamental para a redução das desigualdades e o combate à pobreza em diversas regiões do mundo, incluindo a América Latina e o Brasil. Compreendida como o processo de inserção de indivíduos, especialmente os mais vulneráveis, em atividades econômicas produtivas, ela visa promover o acesso ao emprego formal, ao empreendedorismo e à geração de renda, capacitando as pessoas para desenvolverem habilidades e se integrarem de maneira mais justa ao mercado de trabalho.
Nos últimos anos, a pandemia de COVID-19 exacerbou as desigualdades sociais, tornando a inclusão produtiva ainda mais urgente. Segundo dados do Banco Mundial (2023), mais de 4 milhões de pessoas caíram na pobreza extrema na América Latina em 2021, um reflexo das consequências socioeconômicas da crise sanitária. O relatório aponta que, sem iniciativas de inclusão produtiva, a recuperação econômica será desigual, mantendo milhões de pessoas em situação de vulnerabilidade.
A MUVA, organização que trabalha com desenvolvimento socioeconômico e tem maior enfoque na inclusão produtiva, ajuda a quebrar o ciclo da pobreza de jovens e mulheres em situação de vulnerabilidade. Segundo Iana Barenboim, economista e cofundadora da Muva, “a inclusão produtiva não é apenas uma questão de garantir trabalho ou renda imediata, mas de criar oportunidades sustentáveis de desenvolvimento pessoal e coletivo. Quando jovens e mulheres têm as habilidades necessárias e acessam oportunidades de trabalho e geração de renda, estamos ajudando a quebrar o ciclo de pobreza de gerações inteiras”.
A metodologia da MUVA de inclusão produtiva vai além da capacitação técnica. Seus programas focam no tripé habilidades técnicas, socioemocionais e acesso à oportunidades. “Nosso objetivo é desenvolver soluções para que as pessoas possam navegar no mundo do trabalho com mais confiança e autonomia, e assim, construir trajetórias profissionais duradouras e dignas”, complementa Iana.
A inclusão produtiva também se mostra essencial para diminuir as disparidades entre homens e mulheres no mercado de trabalho. Estudos como o Relatório da ONU Mulheres (2021) apontam que as mulheres, especialmente as negras e periféricas, são as mais prejudicadas pela precarização do mercado de trabalho. Nesse contexto, iniciativas que promovem a participação feminina em setores historicamente dominados por homens são cruciais para uma verdadeira transformação social.
Cofundadora da MUVA e a responsável por liderar suas intervenções no Brasil. Com mais de 12 anos de experiência como economista, gerencia projetos de desenvolvimento socioeconômico multimilionários financiados por doadores bilaterais e multilaterais. Anteriormente, foi consultora da Oxford Policy Management, gerenciando projetos de inclusão econômica e desenvolvimento do setor privado, colaborando com empresas de todos os tamanhos. Empreendedora em série, Iana fundou e gerenciou vários negócios e uma ONG no Brasil. Ela é autora do primeiro livro de finanças comportamentais em português, “Decisões Financeiras e o Comportamento Humano”.
A Muva é uma instituição sul global que trabalha pela inclusão produtiva de jovens e mulheres. Foi criada em 2015 pela Oxford Policy Management com financiamento de 20 milhões de libras ou 140 milhões de reais da UKAID, instituição de desenvolvimento internacional do Reino Unido. Devido aos seus resultados extraordinários, a organização se tornou independente em 2020 com o apoio da UKAID, atuando no sul global, majoritariamente na África, incluindo em projetos com Banco Mundial, União Europeia, Banco Francês de Desenvolvimento e ONU. A MUVA chega no Brasil em 2024 e gerencia projetos incluindo com a Fundação Itaú e a Cooperação Alemã.
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JÚLIA KLAUS BOZZETTO
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